TURBULÊNCIA PROFISSIONAL- Parte VI

Parece até que estou dando uma de louco ou querendo dar uma de coitadinho. Mas é FODA!
Acho eu que o banho de mar(água salgada) que tomei não resolveu meus problemas. Pelo contrário. A vida tá enchendo meu caminho de pedras.
Hoje acordei as 05:00hs da matina, e quinze minutos depois já estava na rua com um MP3 ligado e um monte de curriculum na mão, sentido a estação ferroviária do tamanduateí. Marquei de me encontrar com um amigo meu que fiz amizade na metalúrgica em que eu estava trabalhando, na estação STO André do trem. Chegando lá ele apareceu com mais um amigo dele , e fomos os três juntos na mesma missão.
Andamos quase toda a STO ANDRÉ, percorrendo todas as agências e postos de trabalho da região, já que esse meu colega do antigo emprego tinha em mãos um mapa com todos os endereços das mesmas. Logo de cara, enfrentamos uma fila imensa que tinha em nossa frente umas cem pessoas (sabia da quantidade, por causa do número da senha) e mais umas quatrocentas, creio eu, que chegaram depois de nós. Como saí de casa de jejum, logo depois da primeira entrega do curriculum parei para comer uns salgados horríveis em uma padaria que mais parecia boca de lobo(boeiro). Um fato interessante é que em 90% das agências que entrávamos, os atendentes nem olham para nossas faces. Sem contar com os lugares aonde tínhamos que depoitar o curriculum em uma caixa ou então coloca-los debaixo da porta.Depois de entregar uns quize curriculum, chegamos em uma das agências que me chamou muita a atenção. Todas perguntavam qual foi o último salário, e qual seria a pretenção salarial. Davam boa sorte e tchau. Mais nada. Só que nesta outra, além disso, primeiramente a recepcionista elogiou o meu curriculum mas depois me disse que tinha uma dica a me dar.
Nunca venha procurar emprego de boné!- Afirmou ela.
Assenti, mas fiquei com uma pulga atrás da orelha. Concordo plenamente que estava errrado pelo fato de ser um candidato a um emprego no mercado de trabalho. Mas o mais curioso, é que ao meu redor tinha dezenas de pessoas com cabelos espetados para cima com gel, de moicano, cabelo tingido de louro e outras cores mais(tanto homens como mulheres) e várias outras formas diferentes de se vestir, e essa mesma pessoa nem se manifestou.
Agora fica uma pergunta. Será que um boné vai influenciar no meu desempenho no trabalho?
Ela me taxou como um E.T ou um anormal por está utilizando um acessório de cabeça. Mas e as outras pessoas que eu mencionei acima, será que fazem parte de um modelo padrão de empregado?
Ela também me disse que nós candidatos temos que investir no marketing pessoal. Mas acho que na verdade ela queria dizer que para preencher a vaga, tinhamos que ser MODELOS.
Isso fica bem claro o preconceito enrrustido que ainda existe em nosso país.
Porque o boné que tanto a incomodava, na sua concepção estava errado. Mas para corrigir bastava eu simplismente tira-lo. E a moda ridícula dos cabelinhos espetadinhos e os moicanos que mais parecem bundas hoje em dia, dos cabelos tingidos, será que esses por sua vez estavam bem apresentados?
Porque então não colocam logo no anúncio que estão precisando de pessoas com tal biotipo. Assim os empregadores modelam o tipo de funcionário que eles querem.
Porque realmente eles selecionam candidatos que tenham cabelos lisos, olhos claros, roupas apertadas, mulheres com um quilo de maquilagem e com rostos "bonitinhos."
O resto fica esperando na fila, mesmo com experiência superior. Como se roupa quisesse dizer alguma coisa. Estamos cansados de ver ternos e gravatas no banco dos réus e padres e bispos que usam batinas e são chamados de "santos", e estão aparecendo cheios de filhos por aí. Depois deste episódio, nem queria mais continuar o percurso, mas rodei mais umas duas horas sem esperança alguma de encontrar o que tanto procuro. Retornei para casa umas 14:30hs com mais ou menos vinte e cinco curriculum entregues.
AMANHÃ O SOL IRÁ RAIAR, E TUDO COMEÇA NOVAMENTE!